SOBRE NEABI QUILOMBO

No ano de 2019, a Profa. Dra.Priscila Scudder organizou, junto com um alguns orientandos e outros estudantes do curso de História do então Campus da UFMT em Rondonópolis, o I COLÓQUIO INTERNACIONAL: RACISMO AMBIENTAL, EDUCAÇÃO E INTERCULTURALIDADE, uma das palestrantes do evento foi a querida e saudosa Profa. Dra. Nicéa Quintino (in memoriam), naquele momento Presidenta da Associação Brasileira de pesquisadores (as) Negros e Negras (ABPN). A partir de uma reunião de trabalho com a Profa. Nicéa começou o movimento de criação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas “Estamira Gomes de Souza”, que foi concluído apenas em 2022 com a participação efetiva de muitas entidades e movimentos sociais. O NEABI recebeu então, o status de órgão/gerência ligado à reitoria da Universidade Federal de Rondonópolis, através da Secretaria de Assuntos Comunitários. Foi composto por núcleos, grupos de estudos, de pesquisas e extensão coordenados por pesquisadores de instituições públicas de diversas regiões do país, por essa razão possuía um caráter interinstitucional. Os grupos de pesquisa a ele vinculados, devidamente certificados na Plataforma Lattes, eram voltados à promoção da equidade de raça, gênero e classe, à defesa do direito de bem-viver de todas as formas de vida, ao enfrentamento ao racismo estrutural, institucional, ambiental e sistêmico na sociedade brasileira.

As atividades do NEABI “Estamira Gomes de Sousa”/UFR, no período da gestão da Profa. Dra. Priscila Scudder e de todos os membros do núcleo sempre foram pautadas nas Leis 12.711/12, 7.716/89, 10.693/03, 11.645/2008, entendendo que a inclusão das temáticas Afro-brasileiras e Indígenas nas diferentes áreas do conhecimento humano, só podem ter um avanço genuíno, a partir da compreensão de que questões interseccionais de classe, raça e gênero, norteiam as relações entre as pessoas, os conteúdos de educação, culturas institucionais, políticas de saúde, as práticas jurídicas, prioridades econômicas, e que a efetivação de ações afirmativas pode auxiliar no combate aos racismo presente nessas dimensões da existência. Em julho de 2023, a partir da exoneração da gerência e da destituição de todos os seus membros fundamentados em um ato discricionário da gestão, expresso em entrevistas e documentos, o coletivo, após refletir que o NEABI éramos e somos nós, decidiu “rebrotar” em outros espaços e fomos acolhidos pelos territórios tradicionais, pelas roças, terreiros e barrações, envolvidos pelo AXÉ da ancestralidade, e guiados por uma de nossas metáforas de liberdade: os Quilombos, na mesma semana em que fomos excluídos, fundamos o NEABI QUILOMBO, que agora é muito mais! Expandimos nossa potência! Entendemos com maior profundidade o ensinamento de Malcon X, de que “não podemos esperar que as instituições que nos oprimem nos libertem”. Somos um grupo de pessoas anticolonialistas, contrarracistas, um grupo de pesquisa, com vínculo mais forte ainda entre seus membros, com compromisso reafirmado junto aos povos tradicionais e originários e a todos os grupos vulnerabilizados pelo e no sistema-mundo capitalista. Estamos nos estruturando ainda, mas continuamos gritando:

Poder e Força ao Povo Negro!

Poder e Força aos Povos Originários!

UBUNTU!!!