O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas/NEABI/UFR vem a público manifestar o mais profundo repúdio contra as postagens e comentários feitos em redes sociais, como Instagram e Facebook, que disseminam RACISMO RELIGIOSO, CRIME CONTRA A COLETIVIDADE e ferem preceito constitucional de liberdade de crença.
À luz do inciso VIII do art. 5o da Constituição Federal, ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir- se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa
A postagem inicial feita em 30/04/2023, por uma ONG que, supostamente, protege os animais, exala ignorância e desconhecimento da história das religiões, em especial dos ritos e místicas das religiões de matriz africana. Ao afirmar, levianamente, baseada apenas em suposições, que o cachorro fotografado junto à oferenda faria parte de um fictício sacrifício, não aventou sequer a hipótese de que o animal estivesse apenas faminto e “defendendo seu alimento”, e ainda se a tal ONG quisesse atribuir uma pitada de sobrenaturalidade poderia, por exemplo, supor que o cachorro estivesse protegendo a oferenda da violência gratuita e costumeira contra as mesmas.
Ocorre que, a ONG e todas as pessoas que postaram comentários racistas, usaram da falta de regra das redes sociais para proferirem discursos de ódio, baseados na herança colonial racista e escravocrata da sociedade brasileira. Trata-se de ação irresponsável, que não se atentando aos crimes de roubo, furto, quebra de altares, e mesmo morte dos adeptos das religiões de matriz africana, evidencia o racismo estrutural que alicerça o sistema-mundo capitalista.
O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas/NEABI/UFR REPUDIA todo e qualquer discurso, prática e ação racista. E se une às religiões de matriz africana na defesa de seu direito de liberdade de culto e crença. Afirmamos, que nas religiões de matriz africana a casa e o terreiro são espaços sagrados. A terra e a natureza são de grande importância e simbologia. Nos terreiros, casas ou roças, a crença e o culto se confundem com o espaço físico, com a comunidade formada pelo povo de terreiro e com a natureza presente naquele espaço. E, em consonância com a lei, lembramos que os territórios tradicionais (Terreiros, Roças, Ilês), são patrimônio material e imaterial, histórico, metáfora de liberdade, quilombos contemporâneos, de fundamental importância para a população brasileira e para nós negros e negras.

Axé! UBUNTU!


Rondonópolis, 03 de maio de 2023.


Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas “Estamira Gomes de Sousa”/NEABI/UFR

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